Friday, March 14, 2008

"Bixo" também é gente.



Sim, eu falo de "bixo" com "x" e me refiro mais especificamente aos calouros de faculdade. Estão recebendo tratamento cada vez mais desumano na cidade em que vivo, obrigados a andarem descalços nas ruas, pedindo esmolas ou amarrados em cordas e cheios de uma mistura de farinha, ovos e tinta espalhadas no corpo.O tom de deboche e histeria muitas vezes acompanha os veteranos que parecem ser os carrascos dos calouros gerando o grotesto caricatural. Alguns calouros gostam do trote desumano e de mau gosto, o que considero ainda mais preocupante. Considero isso uma doença social. Há pessoas que se divertem vendo estas cenas grotestas. Sem contar que a brincadeira muitas vezes já saiu dos limites causando até mesmo morte, como ocorreu recentemente em outro país.

Há anos atrás o trote durava um dia apenas, hoje dura uma semana sem qualquer finalidade social como ouvi dizer que ocorre em outros lugares do mundo com prestações de serviços à comunidade, o que seria discutível e ainda assim eu seria contra, pois quem não praticou crime não deve prestar serviços gratuitos à comunidade a menos que deseje ou seja obrigação de todos que preencham determinados requisitos que ensejem força e saúde para tanto como ocorre em países socialistas.

Vendo uma cena dessas, num dia desses posso ter parecido louca por não ser indiferente e ter expressado também aos gritos, como aos gritos se expressavam os tais veteranos com seu tom de deboche, a minha vergonha por ter de passar num local público e ver cidadãos como eu apresentando um teatrinho de baixo nível com freqüência obrigatória para pessoas que talvez apreciem cenas humorísticas, sim, porém bem mais edificantes.

O trote nos calouros é vergonha nacional e internacional. Deve ser proibido por lei ou deve sofrer tal transformação que não precise ser proibido, mas neste caso vai ter de melhorar e muito.

Somos animais, somos bichos e podemos ser eventualmente bixos ou nossos filhos poderão sê-lo. Porque não nos querermos todos bem? Porque então nos causamos desconfortos desnecessários?